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Projeto: “Brasília em fotos”

 

As fotografias interligadas por linha trabalhada com a técnica de crochê fazem partem da memória poética da artista visual Regina Rocha Pitta. Ela traz do início de sua vida em Brasília, que coincidiu com o começo da nova Capital do país que acabava de ser inaugurada, um contraponto à violência contra prédios e obras de arte públicas que foram invadidas e destruídas no dia 8 de janeiro de 2023. Por meio desse manifesto visual, ela procura resgatar momentos de pertencimento e afeto que estiveram presentes em sua infância e adolescência.

O projeto apresentado é uma espécie de contraste aos acontecimentos que o país assistiu à invasão do Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Superior por uma massa de cerca de 4 mil pessoas que destruiu e vandalizou o que via pela frente. A artista classifica como “um dia de fúria” contra as delicadas obras de arte ali preservadas. “Os prédios antes vistos como parte da arquitetura mundial transformaram-se em palco de guerra quando fizeram do mobiliário tombado escudos e barricadas. Meu sentimento era de invasão à minha casa”, diz ela.  

Participar do Projeto Fronteira corrobora com a essência da proposta de “Brasília em fotos”. “Durante meu processo criativo percebi o quanto a minha proposta cabe no contexto do espaço fronteira, até porque a obra de arte feita em linha marrom avermelhada ficará presa à uma grade azul, ou seja, há um contraste grande de cores, sem dizer que a grade faz uma barreira entre o interno e o externo do espaço em que se encontra, o que acaba por se tornar uma dicotomia quando se observa a pureza da infância verso violência”.

Ainda segundo Rocha Pitta, o convite do curador Andrés I. M. Hernández chegou no momento certo em que buscava uma oportunidade de realizar uma obra dentro deste tempo em que as ações relacionadas ao tema escolhido acontecem. “O fazer manual desde o tingimento da linha e o trabalhar com ela, interligando as fotografias, fez parte de um processo de rememoração”, explica a artista.

Por si só, a cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, e que é uma galeria a céu aberto, criada e projetada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lucio Costa, muitas vezes é confundida por visitante com um lugar frio e sem vida, onde existe apenas a disputa pelo poder. Mas para a artista, há um contraponto aí e é onde ela coloca Brasília como um lugar onde sua memória poética e afetiva é preenchida por passeios aos arredores nos domingos, pelas brincadeiras de rua com amigos de infância, com a visita ao zoológico, com a pesca ao lado do avô e do pai no Lago Paranoá e, principalmente, as matinês dos carnavais.

 

Obras de arte pertencentes ao acervo do Estado brasileiro e, portanto, a cada cidadão, vandalizadas e destruídas no fatídico dia 08/01/2023:

 

“A Mulata”, de Di Cavalcanti;

“O Flautista”, de Bruno Giorgi;

“A Bandeira”, de Eduardo Jorge;

“Galhos e Sombras”, de Frans Krajcberg;

“Relógio de Baltazar”, do século 17, e que foi presenteado a D. João VI pela Corte francesa

“A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, escultura que fica na praça dos Três Poderes foi pichada;

"Muro escultório", de Athos Bulcão, passou a fazer parte da decoração do Salão Verde da Câmara dos Deputados na década de 70, após ampliação do Edifício Principal, que teve o projeto de decoração elaborado por Oscar Niemeyer. A obra foi furada na sua base; “Bailarina”, de Victor Brecheret;

“Maria, Maria”, de Sônia Ebling 'The Pearl', autor desconhecido. Obra foi presente do presidente da Assembleia Nacional do Sudão, na África, em visita de 2012 ao Brasil e

“Vaso”, autor desconhecido. Presente de uma delegação chinesa ao Brasil.

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